Subordinados do ex-ministro agiram para mudar resultado, diz PF

Quatro delegados da Polícia Federal que atuaram no Ministério da Justiça subordinados a Anderson Torres foram responsáveis pela mudança de planejamento nas eleições de 2022 para atrapalhar o fluxo de veículos e eleitores, concluiu a investigação da Polícia Federal.

Em 474 páginas, no relatório sob sigilo obtido pela CNN, os investigadores detalham ordens, reuniões, e dezenas de trocas de mensagens entre os servidores.

Os quatro delegados apontados pela PF, indiciados no caso, são: Alfredo Carrijo (secretário de operações), Fernando Sousa (diretor de operações, Marília Alencar (diretora de inteligência) e Leo Garrido (coordenador de operações).

Para a PF, não restou dúvidas de que o grupo agiu para que Jair Bolsonaro (PL), então presidente candidato à reeleição, vencesse a disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Assim, tem-se que, além de atender às demandas de ANDERSON TORRES e [Alfredo] CARRIJO, FERNANDO DE SOUSA repassava parte da execução de tais comandos a LEO GARRIDO e MARÍLIA ALENCAR, determinando-lhe como proceder. Suas intenções restam claramente demonstradas nos diálogos acima, de modo a evidenciar que o objetivo da medida era alterar o resultado das eleições presidenciais”, aponta o relatório final da PF.

A PF também diz que os três delegados “de pouca ou nenhuma credibilidade” agiram sob ordem do então secretário Alfredo Carrijo e alteraram manualmente os planejamentos operacionais das unidades da Polícia Federal.

Os diálogos analisados pela PF mostram que as conversas começam no primeiro turno eleitoral, em 2 de outubro de 2022, já com os delegados preocupados com a vantagem de Lula sob Bolsonaro.

No dia 2/10/22, às 22h48, Marília diz em um grupo chamado “em off”: temos que pensar na ofensiva quanto a essas pesquisas”. Fernando Sousa responde: “6 milhões de votos. Voto pra caral**”.

Em 13/10, já com planejamento em produção, Fernando envia para Marília: “52×48, são 5 milhões de votos para virar”.

No dia 24/10, Fernando envia mensagem de ânimo no grupo: “Bora com tudo. Reta final. Desistir somente às 22h do dia 30/10 [segundo turno]”.

No dia 25/10, segundo o relatório da PF, Marília manteve contato com o delegado Leandro Almada, então superintendente da PF na Bahia, pedindo seu e-mail e afirmando “abre no computador que é melhor” e que qualquer dúvida era para falar com Fernando [diretor de operações do MJ].

Era o envio da planilha elaborada por Leo Garrido que alterava o planejamento da PF na Bahia nas eleições em cinco dias.

A PF detalha nas mensagens como foi o segundo turno. Às 18h do dia 30, quando as blitze da PRF já estavam em curso e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou liberação das vias bloqueadas sob pena de sanções.

Marília escreveu: “Tiro meu chapéu pro Vasques [diretor da PRF]. Vasques DG PF”.

Após Bolsonaro perder as eleições, às 23h59 Fernando enviou a mensagem de: triste, seguida de um emoji. Marília completou: Demais.

E Fernando aproveitou para comentar as blitze da PRF: “Acho que até amanhã esqueceram isso da PRF e Vasques.

A PF concluiu então que as mensagens ‘demonstram sua real atuação na modificação do plano operacional a fim de atender sua intenção de alteração do resultado das eleições. Tais intenções ficam evidentes quando, no diálogo acima retratado, MARÍLIA afirma que “agora vai ser pouquíssimo para qualquer lado” e Leo responde “até 500 mil votos” e Marília “por isso tão importante PRF ir para as ruas e PF também”, Leo responde “fundamental”.

Leo Garrido, em depoimento à PF, disse que cumpriu ordens dos superiores e questionou seu diretor, Fernando Sousa, que respondeu. “Acrescentou que se tratava de uma demanda direta do então Ministro da Justiça ANDERSON TORRES, repassada a ele – DPF FERNANDO – pelo Secretário de Operações Integradas, DPF CARRIJO”.

Marília disse que à PF que “apenas teve o trabalho de organizar os dados solicitados pelo SEOPI e pelo então ministro da Justiça em formato de BI [business intelligence] para assessoramento dos mesmos”.

Carrijo depôs que o próprio ministro Torres demandou Marília para que fizesse um planejamento de efetivo.

Fernando disse que agiu por demanda, não por ofício [por conta própria]. E reforçou que Torres demandou sua equipe.

Torres declarou, em depoimento, que não deu nenhuma ordem à equipe, nem de forma específica a Fernando, Carrinho ou à Marília, de fazer alterações no planejamento da Polícia Federal, “tampouco que apresentasse qualquer documento para a Polícia Federal”.

Silvinei negou irregularidades em relação a fiscalização dos ônibus no Nordeste. “A gente tem que levar em consideração a frota pessoal. No Nordeste, infelizmente, principalmente no interior, a pobreza é maior e as pessoas dependem de ônibus para se deslocar. As pessoas utilizam muito ônibus, e de prefeituras. No sul e Sudeste, todo mundo tem carro, tem trem, metrô. É situação econômica diferente”.

Com a conclusão, Torres, Silvinei, Carrijo, Fernando, Marília e Léo foram indiciados pelo art. 359-P do Código Penal brasileiro, que trata do crime de violência política, por, segundo a PF, “entre os dias 02/10/2022 e 30/10/2022 terem planejado e executado ações direcionadas a dificultar, com emprego de violência física e psicológica, o exercício de direitos políticos pessoas nordestinas em razão de sua procedência nacional”.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Subordinados do ex-ministro agiram para mudar resultado, diz PF no site CNN Brasil.



Fonte: CNN

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