Miguel Fernandes Brandão, de 13 anos, morreu no Distrito Federal por complicações de uma infecção causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. O jovem sofreu necrose dos tecidos musculares e a família afirma que a demora no tratamento foi uma das responsáveis por tornar o caso da criança irreversível.
A situação reacendeu o alerta sobre os riscos de infecções relacionadas ao micro-organismo, que está por trás de graves doenças musculares como a fasciíte necrosante, conhecida como doença devoradora de carne, que Miguel teve.
Um inimigo próximo
Apesar de estar associada a quadros tão graves, a bactéria Streptococcus pyogenes é uma das espécies comuns que vivem no corpo humano. Ela está presente na cavidade oral e na pele, mas costuma ser facilmente controlada pelas defesas do organismo.
Em momentos de baixa imunidade, porém, a bactéria consegue escapar das defesas do corpo e causa quadros de inflamação na garganta e na pele. Se não for tratada a tempo, porém, ela pode criar resistência aos medicamentos e levar a quadros muito mais complicados, como pneumonia, inflamações do coração e infecção generalizada.
“A suscetibilidade a desenvolver a infecção grave por bactérias da família Streptococcus ocorre principalmente em crianças e pessoas de baixa imunidade. As consequências podem ser graves e levar a óbito”, afirmou o infectologista Werciley Júnior, de Brasília, em entrevista anterior ao Metrópoles.
Sintomas e riscos
A infecção pelo Streptococcus pyogenes causa sintomas de acordo com a região onde ela se manifesta. De acordo com o Manual MSD, os casos mais comuns são os da pele, em que os tecidos ficam inflamados, sensíveis e aumentam de temperatura.
Em quadros menos comuns de infecções dermatológicas causadas pela bactéria, como o da escarlatina, surgem erupções rígidas e ásperas na pele.
Quando a infecção avança para tecidos profundos, como na fasciíte necrosante, a intervenção cirúrgica é urgente. Em situações extremas, a amputação pode ser necessária.
Infecções de garganta causadas pela bactéria também são muito frequentes, com sintomas que vão além da faringe e incluem também dores de cabeça e enjoo. Geralmente são infecções dessa natureza que, ao serem mal administradas, acabam atingindo órgãos internos como o pulmão e o coração.
Prevenção e cuidados
Embora a bactéria esteja presente na pele, ter contato com formas mais resistentes dela (vindas de outros pacientes) pode desencadear infecções no organismo, por isso, para evitar a disseminação, medidas básicas de higiene são essenciais. São elas:
- Lavar as mãos com frequência ou, quando não for possível, usar álcool em gel;
- Não compartilhar objetos pessoais, como copos e talheres;
- Manter-se afastado de pessoas em tratamento, especialmente após as primeiras 24 horas do início do uso dos antibióticos;
- Manter o calendário vacinal em dia também é crucial para fortalecer a imunidade.
Tratamento
O tratamento é feito com um esquema de antibióticos que se altera, eventualmente, para impedir que a bactéria desenvolva resistência. A taxa de mortalidade após a internação por uma infecção estreptocócica varia entre 20% e 30%.
Quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, maiores são as chances de sobrevivência. “As infecções estreptocócicas sérias (como fasciíte necrosante, endocardite e celulite grave) requerem penicilina administrada por via intravenosa, por vezes com outros antibióticos”, recomenda o Manual MSD.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Fonte: Metrópoles