Após derrota, torcida do Valladolid pede a saída de Ronaldo Fenômeno

Valladolid, Espanha – O time espanhol Real Valladolid perdeu mais uma partida neste sábado (25/1), desta vez contra o Real Madrid, consolidando o time na lanterna do campeonato, com só quatro vitórias em 21 jogos. A indignação dos torcedores se voltou contra Ronaldo Nazário, o Fenômeno, que é presidente da equipe desde 2018, e foi motivo de protestos dentro e fora do estádio.

 

Apesar do frio de 7º C da noite espanhola, aos gritos de “Ronaldo, saia agora”, a torcida compareceu em peso usando coletes e bandeiras amarelas que pediam a saída do brasileiro da gestão da equipe. O canto foi entoado em espanhol e inglês.

“Ele chegou aqui prometendo que ia levar a gente para a Champions e o que aconteceu é que vamos acabar na segunda divisão. Tomara que os rumores estejam certos e que ele venda logo a equipe”, disse o jovem torcedor Carlos Santos Junior em entrevista ao Metrópoles.

O pai dele, Carlos Santos, que também acompanhava a partida, completou: “Nós não gostamos da gestão de Ronaldo. Estávamos muito empolgados com a sua chegada, achamos que ele ia resgatar a equipe, que traria bons jogadores aproveitando seus contatos, mas o sentimento agora é de decepção. O time é cada vez pior, ele desmantelou a equipe. Queremos que ele vá logo”.

Coletes amarelos em protesto

À moda dos coletes amarelos franceses, usados em protestos no país vizinho, os torcedores do Valladolid reclamaram em peso da gestão do Fenômeno, acusando-o de não investir na equipe e não ter feito uma única visita aos centros de treinamento na temporada atual.

“Fizemos o protesto hoje porque aproveitamos os jogos contra equipes grandes para mostrar para as pessoas fora de Valladolid o que está acontecendo aqui na equipe. Se cairmos para a segunda, é triste, mas vamos recomeçar do zero. Só que queremos recomeçar sem o Ronaldo aqui”, protestou Iñaki García.

O irmão dele, também torcedor do Valladolid, disse que o sentimento geral dos torcedores é de raiva. “Pensamos que os presidentes têm que estar nos bons e nos maus momentos, ele nunca esteve. Estamos irritados. Ele sempre foi um dos melhores atacantes da história, mas agora a nossa relação com Ronaldo é irrecuperável”, apontou.

Valladolid em histórico de rebaixamentos

Quando foi comprado, em 2018, o time já vinha de uma temporada de dessabores, mas desde então esteve sempre flertando com o rebaixamento. Na temporada 2020-21, finalmente, o Valladolid viveu uma das piores fases de sua história, tendo apenas seis vitórias em 38 partidas. O time foi rebaixado à segunda divisão, mas retornou à liga principal em 2022.

Não deu tempo de a equipe esquentar a cadeira na liga principal do futebol espanhol: em 2023, mais uma vez o time caiu, perdendo em casa a partida definitiva que poderia ter salvo a equipe. Em 2024, o time retornou à primeira divisão apenas no último jogo da temporada em uma suada vitória por 3 a 2 com o gol da vitória marcado no minuto 97.

Empecilho na CBF

No Brasil, o projeto de candidatura de Ronaldo à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está enfrentando uma série de entraves. Além da relação comercial e empresarial com outros jogadores de futebol, conforme o mostrado pelo Metrópoles no dia 13 de janeiro e que pode configurar conflito de interesse, existem, ainda, Ronaldo ainda mantém vínculos negociais e jurídicos com o Cruzeiro até 2035.

A situação configura conflito de interesse evidente. Por essa razão, o Estatuto da CBF proíbe que o presidente da entidade que comanda o futebol no Brasil mantenha vínculos com qualquer clube.

Metrópoles teve acesso ao contrato de alienação fiduciária firmado em 1º de julho de 2024 entre Ronaldo e Pedro Lourenço, que comprou a SAF Cruzeiro. O documento demonstra que Ronaldo mantém ligação com o clube mesmo após a venda da instituição, em 29 de abril do mesmo ano.

Além disso, uma procuração, à qual a reportagem teve acesso, assinada em 1º de julho de 2024 pela BPW Sports Participações Ltda., compradora das ações do clube, e pela Tara Sports Brasil Participações S.A., antiga empresa de Ronaldo que detinha as ações do time, dá a ele “poderes amplos e específicos” para agir em nome das empresas no cumprimento da alienação fiduciária e das garantias do contrato.

O texto da procuração aponta que, havendo ou não inadimplência no pagamento da venda do Cruzeiro, Ronaldo pode celebrar qualquer documento e realizar quaisquer atos em nome das empresas com relação à alienação fiduciária constituída nos termos do contrato. A autorização é válida pelo prazo das obrigações garantidas ou até o integral pagamento do valor devido.



Fonte: Metrópoles

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