ISRAEL BELO DE AZEVEDO
Seriam compatíveis a prática da política e a vivência da verdade? Pelo que vemos, os atores profissionais da política subordinam a verdade ao seu interesse, seja ele pessoal, partidário ou governamental.
Ademais, palavra é uma característica do bom caráter de alguém. Ela mostra o tipo de pessoa que você é. Cada promessa é uma garantia. Por isso é tão importante manter o que foi dito, seja a quem for e qual o grau de responsabilidade que se assumiu.
A mentira é tão preciosa que precisa ser acompanhada de verdades como guarda-costas.
Por ingenuidade e ideal, não aceitamos que “política sempre se fez assim”. Queremos outra forma de fazer política.
Por ingenuidade e ideal, não aceitamos passivamente que a tese da governabilidade engula a verdade. Queremos uma política em que os acordos sejam celebrados para serem cumpridos de verdade, mesmo que, por alguma razão, todos os detalhes não sejam públicos.
Por ingenuidade e ideal, não aceitamos que um político profissional diga uma coisa e faça outra. Não queremos uma ética para nós e uma ética para os políticos profissionais (porque políticos somos todos, os que desejamos, os que opinamos, os que votamos). Desde crianças, aprendemos a abominar o “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Estamos dizendo que não esperamos a mentira por parte dos nossos governantes, porque não os consideramos bandidos. Podem ter se tornado, mas não os escolhemos bandidos.
Um pastor que desvia dinheiro de sua igreja é um desviado, mesmo mantido no púlpito, porque não esperamos dele esta atitude. Apostamos nele como um homem acima da bandidagem.
Para sobreviver, a democracia precisa de um razoável nível de crença nas leis e nas pessoas.
Sem verdade, não há democracia verdadeira.
Como os pais convencerão os seus filhos que mentira tem perna curta, se os mentirosos se perenizam no poder?
Precisamos, na política, na rua e em casa, de verdade, com o seu poder libertador.