Algumas bactérias presentes na boca e na língua podem estar associadas a mudanças na função cerebral com o avanço da idade, aumentando o risco de uma pessoa desenvolver Alzheimer no futuro.
A relação das bactérias da boca com o cérebro foi apontada em um estudo feito por médicos da Universidade de Exeter, na Inglaterra, publicado em 28 de janeiro na revista científica PNAS Nexus.
A pesquisa identificou que certos tipos de microrganismos estão associados à melhor memória e atenção, enquanto outros pioram as funções cognitivas e aumentam o risco de um diagnóstico de Alzheimer.
Risco de Alzheimer
Os cientistas apontam duas formas pelas quais essas bactérias podem afetar o cérebro. A primeira envolve a entrada dos microrganismos nocivos na corrente sanguínea, causando possíveis danos. A segunda sugere que um desequilíbrio entre bactérias benéficas e prejudiciais pode reduzir a conversão de nitrato em óxido nítrico, uma substância essencial para a comunicação cerebral e formação de memórias.
Os pesquisadores analisaram amostras de bochechos com enxaguantes bucais de 110 voluntários, todos com mais de 50 anos. Os participantes foram divididos entre aqueles com função cerebral preservada e com comprometimento cognitivo leve (CCL).
Indivíduos com maior presença de bactérias dos grupos Neisseria e Haemophilus, por exemplo, apresentaram melhor desempenho em tarefas complexas e níveis mais altos de nitrito na boca durante os testes feitos pelos pesquisadores.
Por outro lado, altos níveis de bactérias do grupo das Porphyromonas foram encontrados em pessoas com problemas de memória. A bactéria Prevotella foi associada a baixos níveis de nitrito e à uma maior expressão do APOE4, um gene que aumenta o risco para Alzheimer.
Microbioma oral como ferramenta de prevenção
“Nossas descobertas sugerem que algumas bactérias podem ser prejudiciais à saúde do cérebro conforme as pessoas envelhecem. Isso levanta a ideia de testes de rotina em exames odontológicos para medir níveis bacterianos e detectar sinais precoces de declínio cognitivo”, defende a autora principal da pesquisa, a médica Joanna L’Heureux, em comunicado à imprensa.
A médica Anne Corbett, que também participou do estudo, destaca a importância dos resultados. “Se certas bactérias apoiam a função cerebral enquanto outras contribuem para o declínio, tratamentos que alterem o equilíbrio do microbioma oral podem ser parte da solução para prevenir demência”, explica.
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Fonte: Metrópoles