Inflação desacelera a 0,16%, menor taxa para mês de janeiro em 31 anos

Os preços de bens e serviços do país subiram 0,16% em janeiro, menor taxa para o mês desde 1994, ano da implantação do Plano Real. O índice representa recuo de 0,36 ponto percentual em comparação a dezembro de 2024 (0,52%) e mostra desaceleração. O Brasil, no entanto, tem inflação acumulada de 4,56% — ainda acima do teto da meta para este ano, que é de 4,50%.

O resultado do mês passado ficou dentro do esperado por analistas do mercado financeiro. As previsões da Warren Investimentos e do relatório Focus eram de alta de 0,16% e 0,15%, respectivamente, em janeiro.

Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país —, divulgado nesta terça-feira (11/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o IBGE, os preços da energia elétrica residencial recuaram 14,21% e exerceram o impacto negativo mais intenso (-0,55 ponto percentual) sobre o IPCA de janeiro.

Já os preços do grupo Transportes subiram 1,30% e exerceram um impacto de 0,27 ponto percentual sobre o índice, por influência das altas em passagens aéreas (10,42%) e ônibus urbano (3,84%). O grupo de Alimentos e bebidas teve seu quinto aumento consecutivo (0,96%) e contribuiu com 0,21 ponto percentual para o índice do mês.


O que é IPCA

  • Refletindo o custo de vida e o poder de compra do cidadão brasileiro, o IPCA é calculado desde 1979 pelo IBGE.
  • O IPCA é considerado o termômetro oficial da inflação e é usado pelo Banco Central para ajustar a taxa básica de juros, a Selic.
  • Ele mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.
  • O IPCA tem por meta pesquisar dados nas cidades, de forma a englobar 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas no país.
  • O índice pesquisa preços de categorias como transporte, alimentação e bebidas, habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação, comunicação, vestuário, artigos de residência, entre outros.

Energia foi responsável pela desaceleração do IPCA em janeiro

A desaceleração do IPCA foi influenciada, principalmente, pela queda de 14,21% nos preços da energia elétrica residencial. O subitem exerceu o impacto negativo mais intenso (-0,55 ponto percentual) sobre o índice geral.

Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, explica que “essa queda foi decorrência da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas em janeiro”.

A energia elétrica residencial integra o grupo da Habitação, que registrou a maior queda em janeiro (-3,08%), com impacto de -0,46 ponto percentual sobre a inflação.

Mesmo com a baixa no preço da conta de luz, outros subitens que fazem parte do grupo de Transportes tiveram alta. É o caso da taxa de água e esgoto (0,97%) e do preço médio do gás encanado (0,49%).

Dos nove grupos pesquisados pelo IBGE, cinco tiveram alta nos preços em janeiro. Segundo o IBGE, os grupos de Transportes e Alimentação e bebidas registraram as maiores altas percentuais e os maiores impactos sobre a inflação do mês passado.

Confira o resultado, por grupos, do IPCA:

  • Transportes: 1,30%;
  • Alimentação e bebidas: 0,96%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,70%;
  • Despesas pessoais: 0,51%;
  • Educação: 0,26%;
  • Artigos de residência: -0,09%;
  • Vestuário: -0,14%;
  • Comunicação: -0,17%;
  • Habitação: -3,08%.

Veja o impacto, por grupos, na inflação em janeiro:

  • Transportes: 0,27 ponto percentual;
  • Alimentação e bebidas: 0,21 ponto percentual;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,09 ponto percentual;
  • Despesas pessoais: 0,05 ponto percentual;
  • Educação: 0,02 ponto percentual;
  • Artigos de residência: 0 ponto percentual;
  • Comunicação: -0,01 ponto percentual;
  • Vestuário: -0,01 ponto percentual;
  • Habitação: -0,46 ponto percentual.

Alimentação e Transportes seguem em alta

O grupo dos Transportes avançou 1,30% em janeiro. Em termos de impacto na inflação, exerceu influência de 0,27 ponto percentual no índice geral. O resultado foi influenciado pelas altas nos preços de passagens aéreas (10,42%) e ônibus urbano (3,84%).

O grupo Alimentação e bebidas avançou pelo quinto mês consecutivo (0,96%). A inflação dos alimentos contribuiu com 0,21 ponto percentual para o IPCA do mês passado.

Ainda nesse grupo, a alimentação no domicílio subiu 1,07%. O destaque vai para:

  • as altas nos preços da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%).
  • as quedas nos preços da batata-inglesa (-9,12%) e do leite longa vida (-1,53%).

Por outro lado, a alimentação fora do domicílio desacelerou de 1,19% (dezembro) para 0,67% (em janeiro). Tanto o lanche (0,94%) quanto a refeição (0,58%) tiveram variações inferiores às do mês anterior (0,96% e 1,42%, respectivamente).

INPC fica estável

A inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) não teve variação em janeiro. Nos últimos 12 meses até janeiro, o INPC acumula alta de 4,17%. Em dezembro, o aumento foi de 0,48%.

O índice serve de referência para o reajuste do salário mínimo e de benefícios sociais.

O INPC é um indicador que mede a variação média dos preços de um conjunto específico de produtos e serviços consumidos pelas famílias com renda entre 1 e 5 salários mínimos mensais.

A inflação para o mercado

No mais recente relatório Focus, analistas financeiros subiram pela 17ª semana consecutiva a projeção do IPCA para este ano. A estimativa para a inflação de 2025 passou de 5,51% para 5,58% nesta semana.

Para janeiro, o mercado aposta no avanço de 0,15% dos preços de bens e produtos no Brasil.

Confira as expectativas dos economistas:

  • A projeção de inflação para 2026 passou de 4,28% para 4,30%.
  • Enquanto a estimativa de inflação para 2027 continua a mesma da semana passada: 3,90%.
  • A previsão de inflação para 2028 cresceu de 3,74% para 3,78%.

Além do mercado, o próprio BC, que tem o papel de controlar o avanço da inflação por meio da taxa de juros (a Selic), informou que a meta tem 50% de chance de ser descumprida em 2025. Em relatório publicado em dezembro, a autoridade monetária avaliou que a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta neste ano cresceu de 28% para 50%.

Meta contínua

A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Dessa forma, se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.

A adoção desse período evita a caracterização de descumprimento em situações de variações temporárias na inflação. Por exemplo, um choque em preços de alimentos que faça com que o IPCA fique fora do intervalo de tolerância por apenas alguns meses.

Em 2025, a meta de inflação é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual, sendo 1,5% (piso) e 4,5% (teto). Ela será considerada cumprida se oscilar entre esse intervalo de tolerância.

O objetivo é estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Banco Central (BC).

Se a meta for descumprida, o Banco Central precisa divulgar carta aberta ao ministro da Fazenda — neste caso, Fernando Haddad — explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária tem o papel de controlar o avanço dos preços.

O BC contém a inflação por meio da taxa básica de juros, definida pelo Copom a cada 45 dias.

Meta pode ser descumprida em junho, diz BC

Na ata de janeiro, o BC também admitiu a possibilidade de a inflação acumulada em 12 meses ficar acima do teto do intervalo de tolerância da meta durante seis meses seguidos — o que caracterizaria o descumprimento da meta inflacionária em 2025.

Se a inflação continuar avançando, o valor acumulado em 12 meses permanecerá “acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos“, ressalta o órgão.

“Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, destacou o Copom em trecho da ata.



Fonte: Metrópoles

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