Amazonense de 18 anos tem nota máxima no Enem, sem Internet e sem curso pré-vestibular

Uma estudante do interior do Amazonas conseguiu, sem acesso à internet em casa e sem curso pré-vestibular, só com livros emprestados pela escola, a nota máxima na redação do Enem: mil. Rilary Manoela Coutinho, de 18 anos, é moradora do município Itapiranga, a cerca de 340km de Manaus, e sonha em cursar Engenharia Civil. Todo empenho da jovem, no entanto, será insuficiente para que ela consiga ingressar na faculdade. Pois a situação financeira da família não permite que ela more longe de casa para estudar.

Rilary já sabia que teria que adiar a graduação. O curso que ela deseja só tem na Universidade Federal do Amazonas, a mais de 5h de sua cidade, sem contar o valor das passagens, que torna viagens diárias impossíveis.

Antes de saber as pontuações do Enem, já tinha conversado com a minha família e dito que iria continuar estudando e tentar ingressar em julho. Não consigo agora no início do ano por questões logísticas mesmo, como moradia e meio de transporte para iniciar uma faculdade em Manaus — contou.

Morando com a avó, aposentada, e com o irmão mais velho, esse momento já era uma preocupação para ela, porque o irmão, primeiro da família a ingressar na universidade pública, teve que trancar o curso de Engenharia de Software por não ter mais condições financeiras de continuar na pandemia.

Mesmo com todo estudo, a aluna ficou surpresa ao saber do desempenho na redação. Foi a prática que levou a estudante a alcançar a tão almejada nota mil, com o tema “desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”.

— Eu olhava o rascunho que estava comigo e achava que não tinha ido tão bem. Estudava com os livros de curso pré-vestibular da escola e eles eram bem antigos, em cidades do interior é difícil chegar material mais atualizado. Mas quando eu sentia que precisava muito de mais informações sobre um determinado assunto ou disciplina, corria na biblioteca da escola e pegava mais livros — contou.

Rilary havia sido aprovada no vestibular da Universidade do Estado do Amazonas em 2022, para o curso de Engenharia de Materiais, mas não conseguiu se deslocar do seu município ao local e efetivar a matrícula: a viagem custaria cerca de R$ 78 , comprometendo o orçamento familiar.

— Do que adianta tirar notas altas? Vendo toda essa situação, de se esforçar e mesmo assim não conseguir realizar o sonho de estudar, vai diminuindo muito as nossas expectativas. Me sinto injustiçada — lamenta Rilary.

Do Extra

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