Mesmo após a imposição de uma sobretaxa de 25% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros de aço, alumínio e do setor automotivo, as exportações do Brasil nessas categorias cresceram no primeiro trimestre de 2025.
Dados reunidos pela Secretaria de Comércio Exterior mostram alta de até 20,5% no volume exportado para o mercado norte-americano em relação ao mesmo período do ano anterior.
O levantamento foi feito em caráter excepcional pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) a partir da lista de produtos tarifados divulgada pelos Estados Unidos em 5 de março (para aço e alumínio) e 2 de abril (para o setor automotivo).
Segundo a pasta, o estudo utilizou os códigos do “Sistema Harmonizado no nível de 6 dígitos”, o mesmo padrão adotado pelos Estados Unidos, “de forma que as informações podem ser, em grande parte, comparadas”.
As exportações de produtos de aço e alumínio para os Estados Unidos somaram US$ 494,4 milhões em janeiro de 2025, uma alta de 19,7% sobre os US$ 412,9 milhões exportados em janeiro de 2024.
Em fevereiro, o crescimento foi de 20,1%, com US$ 540,7 milhões exportados, ante US$ 450,1 milhões no mesmo mês do ano anterior.
Em março, houve nova alta de 20,5%, com US$ 492,1 milhões embarcados, frente aos US$ 408,4 milhões registrados no mesmo mês de 2024.
O setor automotivo também registrou aumento, embora em ritmo mais moderado. As exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 131,7 milhões em janeiro de 2025, um crescimento de 12,1% sobre os US$ 117,5 milhões exportados em janeiro de 2024.
Em fevereiro, a variação foi de 3,1%, passando de US$ 142,2 milhões em 2024 para US$ 146,6 milhões este ano.
Em março, o avanço foi de 10,6%, com US$ 165,4 milhões exportados ante US$ 149,5 milhões no mesmo período do ano anterior.
Em termos globais, o crescimento das exportações do Brasil para todos os destinos foi mais tímido. No segmento de aço e alumínio, as vendas cresceram 0,5% em janeiro, 7,9% em fevereiro e 5,4% em março.
Já no setor automotivo, as altas foram de 1,4%, 18,8% e 10,6%, respectivamente. Confira os dados:
Aço e Alumínio – Exportações do Brasil para os EUA
- Janeiro de 2024: US$ 412,9 milhões
- Janeiro de 2025: US$ 494,4 milhões
- Variação de janeiro: +19,7%
- Fevereiro de 2024: US$ 450,1 milhões
- Fevereiro de 2025: US$ 540,7 milhões
- Variação de fevereiro: +20,1%
- Março de 2024: US$ 408,4 milhões
- Março de 2025: US$ 492,1 milhões
- Variação de março: +20,5%
Setor Automotivo – Exportações do Brasil para os EUA
- Janeiro de 2024: US$ 117,5 milhões
- Janeiro de 2025: US$ 131,7 milhões
- Variação de janeiro: +12,1%
- Fevereiro de 2024: US$ 142,2 milhões
- Fevereiro de 2025: US$ 146,6 milhões
- Variação de fevereiro: +3,1%
- Março de 2024: US$ 149,5 milhões
- Março de 2025: US$ 165,4 milhões
- Variação de março: +10,6%
A soma dos três primeiros meses mostra que, mesmo com o anúncio da medida tarifária, o Brasil aumentou seu volume exportado:
- Total aço e alumínio no 1º trimestre de 2024: US$ 1,271 bilhão
- Total aço e alumínio no 1º trimestre de 2025: US$ 1,527 bilhão
- Crescimento: +20,1%
- Total automotivo no 1º trimestre de 2024: US$ 409,2 milhões
- Total automotivo no 1º trimestre de 2025: US$ 443,7 milhões
- Crescimento: +8,4%
Embarque antecipado
Em coletiva de imprensa para detalhar os resultados de março da balança comercial na última sexta-feira (4), o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão, afirmou que, no caso do aço e alumínio, pode ter havido um “embarque antecipado” que não foi possível identificar um impacto negativo nas exportações de aço no mês mesmo com as tarifas já em vigor.
Segundo ele, no entanto, o movimento é natural e acontece normalmente. Mesmo assim, os dados mostram um aumento de 23,9%, em relação ao mesmo mês do ano passado, nos envios aos EUA.
“Os dados de aço e alumínio estão sujeitos ao que chamamos de embarque antecipado, ou seja, as empresas embarcam os bens e depois declaram. Então tem um certo tempo entre a gente registrar na estatística, que é o que a empresa declarou, e o que foi embarcado”, disse, acrescentando que ainda não foi possível sentir o efeito da nova política.
O técnico ainda informou que “talvez o próprio setor possa responder” sobre o impacto das medidas e que o Mdic não pode afirmar que é causa-efeito.
Imprecisões
Na introdução do relatório, o MDIC alertou para possíveis imprecisões nos dados por conta da diferença entre a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e o sistema tarifário norte-americano.
“A lista divulgada pelos Estados Unidos apresenta um nível de complexidade elevado, e os códigos tarifários utilizados podem não ter equivalência exata com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Dessa forma, qualquer levantamento específico pode ter margens de imprecisão”, informou o Ministério.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Exportações de aço e automóveis para os EUA crescem no 1º tri de 2025 no site CNN Brasil.