Durante décadas, o nome de William Murdoch foi manchado por uma representação polêmica no cinema. No aclamado filme “Titanic”, de 1997, dirigido por James Cameron, o primeiro oficial escocês foi retratado como alguém que recebia suborno e, em desespero, atirava em passageiros antes de tirar a própria vida. A cena causou revolta entre familiares e conterrâneos do oficial, que se viram diante de um legado distorcido.
Agora, um novo documentário da National Geographic oferece uma virada nesse enredo. Utilizando tecnologia avançada de escaneamento submarino da empresa Magellan, pesquisadores conseguiram reconstruir digitalmente os destroços do navio em detalhes inéditos. Com 715 mil imagens captadas a quase 4 mil metros de profundidade, a produção oferece uma nova cronologia dos eventos da noite de 14 de abril de 1912.
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As imagens revelam que o guindaste localizado no setor de Murdoch estava sendo usado para lançar botes salva-vidas quando o navio afundou. A nova análise comprova o depoimento do segundo oficial Charles Lightoller, que afirmou ter visto Murdoch ainda em atividade no convés até ser tragado por uma onda. O corpo do primeiro oficial nunca foi recuperado.
Apesar das acusações retratadas no longa-metragem, várias testemunhas já contestaram a versão cinematográfica. Elas relatavam que Murdoch estava, na verdade, coordenando os esforços de evacuação e auxiliando mulheres e crianças a embarcarem nos botes. A investigação reforça essa narrativa ao demonstrar que o escocês permaneceu em seu posto, tentando salvar vidas até os instantes finais.
O impacto da versão do cinema foi tão profundo que, após o lançamento do filme, os familiares de Murdoch chegaram a receber um pedido de desculpas do estúdio responsável, a 20th Century Fox. A produtora também doou cinco mil libras para a criação de um prêmio em memória do oficial, como forma de reparação simbólica.
Fonte: Portal LEODIAS