Comunidade de Caraíva (BA) acusa PM de matar jovem negro durante operação

Moradores da comunidade ribeirinha de Caraíva, em Porto Seguro, na Bahia, denunciam a morte de Victor Cerqueira Santos Santana, de 28 anos, um jovem negro morto durante uma operação policial na tarde desse sábado (10).

A ação das polícias Civil, Militar e Federal buscava prender o traficante Davisson Sampaio dos Santos, conhecido como “Alongado”, líder de uma facção criminosa envolvida com tráfico de armas e drogas, homicídios, roubo e lavagem de dinheiro.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que, durante a ação, o criminoso resistiu à prisão e foi baleado. Ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

No local do confronto, um homem apontado como o “segurança” do traficante também foi morto a tiros. Este homem é Victor Cerqueira.

Em nota enviada à CNN, a família do jovem afirma que Victor teria sido confundido com esse segurança, que também tinha o apelido de “Vitinho”. O jovem de 28 anos trabalhava como guia turístico de uma pousada na região.

A família, por meio da mãe Luzia Cerqueira e da prima Jamile Cerqueira, conta que ele foi buscar dois hóspedes na beira do Rio Caraíva para conduzi-los a pousada, por volta das 17h. Assim que os encontrou, começou a ação policial.

Victor abrigou os visitantes em um estabelecimento e saiu para verificar se era seguro seguir até a pousada. Por volta das 18h, ele foi visto algemado, apenas de bermuda e descalço, mas ainda com vida. 

Segundo a família, o corpo do jovem foi entregue sem vida às 03h deste domingo (11) no Instituto Médico-Legal (IML) de Caraíva com fraturas múltiplas no tórax, hematomas no rosto, hematomas na parte interna da boca, um ferimento de arma branca na costela que atingiu o coração e um tiro de arma de fogo na jugular que perfurou de cima pra baixo. 

A defesa do guia turístico, por meio da advogada Débora Rolando, afirma que, pouco antes da operação, as câmeras da travessia do Rio foram desligadas e os policiais apreenderam imagens das câmeras dos estabelecimentos comerciais da região, dificultando o esclarecimento dos fatos.

“É inaceitável que civis indefesos paguem com a vida pela presença de forças policiais despreparadas, violentas e marcadas pelo racismo estrutural. A segurança pública não pode ser sinônimo de terror e impunidade“, diz a defesa.

Os familiares ressaltam que Victor vivia uma vida simples e não tinha passagens pela polícia. Em suas redes sociais, ele se apresentava como “guia festivo”, oferecendo passeios de lancha, buggy e a cavalo, além de fazer publicações com a família e praticando esportes.

O velório e o enterro de Victor ocorreram na manhã desta segunda, às 9h, na cidade de Itabela, onde o jovem nasceu.

Protesto contra a morte

Após a morte de Victor, moradores da região fizeram um grande protesto na manhã desta segunda-feira (12). Pessoas próximas ao jovem criaram a página “Justiça por Vitinho” no Instagram para denunciar o caso.

A manifestação contou com dezenas de pessoas que caminharam pela praia com cartazes com as frases “Vitinho para sempre presente”, “por quê mataram meu amigo?” e “queremos justiça!”.

Veja um vídeo abaixo da manifestação, enviado à CNN por uma das organizadoras do movimento.

O que diz a polícia

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia informou que a ocorrência é investigada pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar. 

A CNN questionou a SSP e a Polícia Civil do Estado especificamente sobre a morte de Victor Cerqueira, mas não obteve resposta. Leia a nota abaixo na íntegra:

“A Secretaria da Segurança Publica informa que Forças Estaduais e Federais realizaram uma operação contra um grupo envolvido com tráficos de drogas e armas, homicídios, roubos, lavagem de dinheiro e corrupção de menores no distrito de Caraíva. Dois suspeitos, um deles possuía mandado de prisão, acabaram atingidos após confronto relatado pelas equipes. Eles chegaram a ser socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. Um terceiro integrante do bando acabou preso. Armas de fogo, munições e drogas foram localizadas durante a ação. A SSP destaca ainda que a ocorrência é investigada pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar, como determina o procedimento em casos de morte em confronto com agentes do estado”. 

Este conteúdo foi originalmente publicado em Comunidade de Caraíva (BA) acusa PM de matar jovem negro durante operação no site CNN Brasil.

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