O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulga na manhã desta terça-feira (13/5), a ata da reunião de maio. No documento, o comitê explicará os motivos para a elevação da taxa básica de juros, a Selic, de 14,25% ao ano para 14,75% ao ano.
A decisão de prolongar o ciclo de aperto monetário (aumento de juros) para seis meses consecutivos foi unânime, ou seja, contou com a aprovação dos oito diretores e do presidente do BC, Gabriel Galípolo.
A nova subida na Selic era esperada por parte do mercado financeiro, isso porque o comitê havia indicado na reunião de março a manutenção do ciclo de altas, mas em “menor magnitude” do observado nos aumentos anteriores de 1 ponto.
Para o Copom, a decisão foi “compatível” com a estratégia de convergência da inflação à meta:
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
Assim, a Selic voltou ao patamar de quando ficou vigente entre julho e agosto de 2006, fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época, a economia brasileira engatou uma onda de crescimento.
Copom não deu pistas sobre próxima reunião
No comunicado pós-Copom, a diretoria do Banco Central não indicou qual será o movimento para a próxima reunião. O colegiado avaliou que o cenário é de “elevada incerteza”, o que demandaria “cautela adicional” na atuação da política monetária e “flexibilidade” para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.
“O Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”, destacou trecho do texto.
Projeções do mercado para juros e inflação
As projeções do mercado financeiro para a inflação referente a 2025 seguem distantes da meta. Segundo o relatório Focus mais recente, a estimativa dos analistas consultados pelo Banco Central está em 5,51%.
A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 5,53%. Nesse ritmo e patamar, o IPCA caminha para mais um descumprimento da meta, que é de 4,50% neste e no próximo ano.
Em 2025 e 2026, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual — isto é, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
A novidade é que, a partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Confira as expectativas dos economistas:
- A projeção de inflação para 2026 recuou de 4,51% para 4,50% — voltando para dentro da meta.
- Enquanto a estimativa de inflação para 2027 segue a mesma da semana passada: 4%.
- A previsão de inflação para 2028 está em 3,80%.
Além do mercado, o próprio BC — que tem o papel de controlar o avanço da inflação por meio da taxa de juros (a Selic) — informou que há 70% de probabilidade de a meta inflacionária ser descumprida neste ano.
O presidente Gabriel Galípolo chegou a dizer que o Brasil terá que conviver com uma inflação acima da meta, estipulada em 3% (com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual – para cima e para baixo) neste ano.
Após a redução na semana passada, o mercado financeiro manteve inalterada a projeção para a taxa básica de juros, a Selic, deste ano. As estimativas para os próximos três anos seguem as mesmas, confira abaixo:
- Para 2026, os analistas projetam uma Selic de 12,50% ao ano.
- Para 2027, a previsão da taxa de juros é de 10,50% ao ano.
- Para 2028, a estimativa continua em 10% ao ano.
Com isso, os economistas não acreditam que a taxa Selic fique abaixo de dois dígitos até o fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026, e sequer do atual mandato de Gabriel Galípolo à frente do BC, que termina em 2028.
O que é o relatório Focus
- O Relatório de Mercado Focus resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado financeiro coletadas até a sexta-feira imediatamente anterior à divulgação do documento.
- O Focus é tradicionalmente divulgado toda segunda-feira.
- O relatório traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio (dólar), taxa Selic, entre outros indicadores.
- As projeções são do mercado, não do Banco Central. A autoridade monetária só reúne os dados.
Fonte: Metrópoles