O estado do Rio Grande do Sul registrou recentemente a confirmação de dois focos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1), trazendo à tona preocupações sanitárias e econômicas. Um dos focos foi identificado em uma granja avícola de reprodução no município de Montenegro, marcando o primeiro caso em uma propriedade comercial no Brasil. O segundo foco foi confirmado em aves silvestres no Zoológico de Sapucaia do Sul.
Os dois focos foram confirmados quase simultaneamente, embora em municípios distintos. A distância entre Montenegro e Sapucaia do Sul é de cerca de 50 quilômetros.
Apesar de Sapucaia do Sul estar fora do raio inicial de 10 km de investigação do foco de Montenegro, a cidade entrou no radar das autoridades após as mortes de aves no zoológico.
Embora ambos os casos envolvam o mesmo subtipo do vírus (H5N1), por ora, não confirmam uma relação causal direta entre o foco na granja comercial e o foco no zoológico.
Em resposta à CNN, a porta-voz da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, que possui uma divisão sanitária específica na gripe aviária, o sequenciamento dos vírus ainda está em andamento.
O mapeamento permitirá aferir aos profissionais de saúde se o vírus encontrado em Sapucaí do Sul e Montenegro são o mesmo. A partir disso, a investigação dos agentes transmissores será beneficiada, podendo verificar o caminho que vírus percorreu.
Infecção em granja de Montenegro
Na granja de Montenegro, a suspeita de síndrome respiratória e nervosa em aves foi atendida na última segunda-feira (12). As amostras coletadas confirmaram o diagnóstico de H5N1 nessa sexta-feira (16).
As aves afetadas eram galinhas matrizes, destinadas à produção de ovos férteis. A doença acabou resultando na morte de quase 17 mil aves no local. Em um dos galpões, todas as aves morreram, enquanto em outro, cerca de 80% foram a óbito.
As aves sobreviventes na granja foram abatidas como parte do protocolo de saneamento e erradicação do foco. A origem exata da entrada do vírus na granja está sendo investigada, com possibilidades incluindo aves silvestres, calçados de pessoas, equipamentos, insumos e até água.
Os ovos férteis produzidos pela granja foram rastreados para incubatórios em diferentes estados e estão sendo destruídos como medida preventiva.
Infecção no Zoológico de Sapucaia do Sul
No Zoológico de Sapucaia do Sul, mortes de cisnes e patos foram registradas na sexta-feira. Amostras coletadas dessas aves confirmaram que as mortes também foram causadas pela Influenza Aviária H5N1.
O zoológico já estava com a visitação suspensa preventivamente desde a última quarta-feira (14), após a confirmação do diagnóstico, permanecerá fechado por tempo indeterminado.
No zoológico, o procedimento com aves aquáticas silvestres difere do adotado na granja. No caso, os animais sobreviventes não são sacrificados, apenas isolados.
Protocolos de biossegurança e o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, como máscaras e macacões, foram reforçados para os trabalhadores que lidam com os animais e carcaças, visando minimizar o risco de contaminação humana. O descarte das carcaças de animais mortos segue procedimentos técnicos previstos em norma específica.
Como acontece infecção entre animais
A Influenza aviária é uma doença viral altamente contagiosa. Ela afeta predominantemente aves silvestres e domésticas, mas também pode infectar mamíferos. A forma mais comum de entrada do vírus em um território é por meio de aves selvagens migratórias.
As aves infectadas podem disseminar o vírus através de saliva, secreções de mucosas e fezes. A infecção entre animais (e de aves para humanos) pode ocorrer por contato direto (respirar o vírus em gotículas ou partículas) ou por contato com superfícies contaminadas por ave infectada, seguido pelo toque nos olhos, boca ou nariz. A transmissão entre mamíferos pode ocorrer pelo contato com aves doentes ou por água e materiais contaminados.
As autoridades reforçam que o consumo de carne de aves e ovos é seguro para a população, desde que os alimentos sejam bem cozidos ou preparados corretamente, pois a doença não é transmitida por meio do consumo.
O risco de infecção para humanos é considerado baixo e geralmente está associado ao contato direto e intenso com aves infectadas ou materiais contaminados.
O governo do Estado do Rio Grande do Sul declarou estado de emergência em saúde animal para facilitar as ações de controle e tem implementado medidas como a instalação de barreiras sanitárias na área do foco em Montenegro e a intensificação da vigilância em propriedades rurais nos raios de risco.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Como foi a infecção dos animais no RS? Entenda possível relação entre casos no site CNN Brasil.