Por que o nosso cérebro divide informações entre os hemisférios? Entenda

Embora a maioria de nós tenha crescido com a visão equivocada de que o hemisfério esquerdo do cérebro é “lógico” e o direito é “criativo”, há um fundo de verdade nisso. O cérebro não só divide a percepção do espaço visual, mas usa esse mecanismo para processar informações de forma mais eficiente.

Em uma nova revisão de estudos, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, apresentam o que a neurociência tem aprendido sobre essa divisão de tarefas, os esforços integrativos que ela envolve e as estratégias que o próprio cérebro adota para superá-la.

Apesar de todos os mitos sobre cérebro esquerdo e cérebro direito, ou pessoas do lado direito serem opostas àquelas do lado esquerdo, a verdade é que “Você pensa com todo o seu cérebro”, explica em um comunicado o coautor Earl K. Miller, do Departamento de Ciências Cerebrais e Cognitivas do MIT.

No caso de informações visuais, a separação hemisférica levanta algumas questões: como mantemos continuidade perceptiva quando objetos cruzam nosso campo de visão? A informação simplesmente desaparece de um hemisfério e ressurge no outro durante movimentos oculares ou de objetos?

“É por um bom motivo”, garante Miller. Na revisão, publicada recentemente na revista Neuropsychologia, em parceria com o cientista pesquisador do Instituto Picower, Scott Brincat, os dois explicam que o cérebro desenvolve recursos neurais separados para cada lado do campo visual como estratégia adaptativa.

A divisão hemisférica otimiza a nossa capacidade perceptiva limitada. “Se sua capacidade estiver totalmente amarrada no lado direito do olhar, você pode perder uma ameaça que se aproxima à esquerda. Dividir recursos entre os dois lados ajuda a evitar pontos cegos perceptivos perigosos”, diz Miller.

As informações não se misturam no córtex pré-frontal


“Você pensa com todo o seu cérebro”, dizem os autores do estudo • Geralt/Pixabay

Segundo Miller, ele aprendeu em sua pós-graduação que a percepção visual era dividida entre hemisférios até chegar ao córtex pré-frontal, onde se misturava. No entanto, duas décadas de pesquisas refinaram essa compreensão, revelando que a coisa é bem mais complexa no cérebro..

Os estudos mostraram que, mesmo no córtex pré-frontal, o cérebro continua processando informações visuais com preferência pelo hemisfério contralateral, ou seja, oposto ao campo visual onde o objeto aparece. Isso sugere que os hemisférios operam com certa independência, inclusive em funções cognitivas de alto nível.

As ondas cerebrais mostram dois tipos de evidências dessa especialização hemisférica. A primeira é neurofisiológica: as ondas gama (atividades elétricas rápidas do cérebro) ficam mais potentes nos hemisférios frontais quando estes processam informações visuais do lado oposto do campo visual.

A segunda evidência é comportamental: desde 1971, pesquisas demonstraram que tanto humanos quanto animais memorizam mais quando as informações são divididas entre os hemisférios, fenômeno conhecido como “vantagem bilateral”.

Apesar de o cérebro tirar proveito da divisão visual entre os hemisférios, essa estratégia tem limites. Isso porque as pessoas rastreiam melhor um objeto em cada lado do campo visual do que quando tentamos acompanhar múltiplos objetos distribuídos pelos dois lados.

É importante destacar que essa divisão hemisférica, segundo os estudos de Miller e Brincat, se aplica somente à informação espacial (localização). Já outras características, como cor e forma, são processadas pelos dois hemisférios.

Implicações da pesquisa sobre os hemisférios cerebrais


Compreender melhor como os hemisférios cerebrais se comunicam é um primeiro passo para tratamentos eficazes • Anna Shvets/Pexels

Apesar da divisão hemisférica no processamento visual, não ficamos confusos quando objetos atravessam nosso campo de visão. Para Miller, “experimentamos um mundo perfeito”, porque o cérebro integra as informações com tanta eficiência que a continuidade é preservada.

Essa percepção visual ininterrupta e coerente do mundo se mantém porque o cérebro realiza uma espécie de transferência de informações de um hemisfério para o outro, semelhante à passagem de sinal entre torres de celular. Pesquisas realizadas em 2014 e 2021 documentaram o fenômeno.

“À medida que um alvo rastreado se aproxima da linha média visual, o hemisfério prestes a receber o alvo mostra um aumento de atividade bem antes do tempo de travessia, como se estivesse antecipando o alvo”, afirmam os autores.

De forma surpreendente, o hemisfério que estava processando a informação mantém sua atividade elevada mesmo depois de “passar o bastão”, criando uma janela de processamento duplo que pode durar cerca de um segundo. Essa redundância garante que nenhuma informação se perca na transição.

Falhas identificadas pelos pesquisadores nessa passagem de bastão neural aparecem em distúrbio neurológios e psiquiátricos como Alzheimer, ansiedade, depressão, esquizofrenia, TOC e autismo.

Os autores esperam que compreender melhor como os hemisférios cerebrais se comunicam sirva de ponto de partida para tratamentos mais eficazes, capazes de corrigir falhas nas redes neurais que conectam diferentes regiões do cérebro.

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