O Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta terça-feira (27) uma maratona de depoimentos de testemunhas de defesa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres no âmbito do processo que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
São esperadas 26 testemunhas a favor de Torres entre terça e sexta-feira (30). Dentre os nomes estão o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, o ex-ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida, o ex-advogado-geral da União Bruno Bianco e o general Gustavo Dutra, então chefe do Comando Militar do Planalto durante os atos de 8 de janeiro de 2023.
Além deles, também irão depor delegados da Polícia Federal (PF) e ex-integrantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal.
As oitivas foram divididas em dois turnos. Às 8h serão ouvidas sete pessoas; às 14h, mais oito.
Confira a lista de testemunhas:
Manhã
- Braulio do Carmo Vieira; ex-secretário de operações integradas adjunto do Ministério da Justiça
- Luiz Flávio Zampronha; ex-diretor de combate ao crime organizado da Polícia Federal
- Alberto Machado; ex-assessor especial da chefia de gabinete da Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF
- George Estefani de Souza; Subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
- Djairlon Henrique Moura; ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária federal
- Caio Rodrigo Pelim; delegado e sucessor de Zampronha na diretoria do combate ao crime organizado da Polícia Federal
- Saulo Moura da Cunha; ex-diretor adjunto da Abin
Tarde
- Thiago Andrade; delegado da Polícia Federal
- Fabricio Rocha; delegado da Polícia Federal
- Marcio Nunes; ex-diretor-geral da Polícia Federal
- Leo Garrido de Salles; delegado da Polícia Federal
- Alessandro Moretti; ex-diretor adjunto da Abin
- Marcos Paulo Cardoso; delegado da Polícia Federal
- Victor Veiga Godoy; ex-ministro da educação
- Cintia Queiroz de Castro; ex-subsecretaria de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF
Audiências
A Primeira Turma do Supremo entrou na segunda semana de escuta de testemunhas no processo que apura a suposta trama golpista. Até agora, já foram ouvidas 27 pessoas.
Durante as oitivas, todos os advogados de defesa podem questionar as testemunhas, mesmo as que não tenham sido arroladas pelo réu que defendem.
Diante da oportunidade, a defesa de Torres tentou afastar o réu do cenário de articulação golpista e fez perguntas a quase todos os depoentes indicados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Todas disseram ter tido pouco ou nenhum contato com o ex-ministro e negaram ter recebido ordens dele ou presenciado sua participação em reuniões de teor golpista.
Baptista Junior, inclusive, retificou o que havia declarado à Polícia Federal e afirmou não ter certeza se Torres esteve presente nos encontros em que se discutiu a minuta que decretaria estado de exceção em 2022.
A postura do advogado, porém, fez com que ele protagonizasse um dos momentos de “bronca” do ministro relator Alexandre de Moraes.
Em depoimento, Freire Gomes afirmou que a minuta do golpe apresentada a ele em reuniões tinha conteúdo semelhante ao documento encontrado na casa de Torres durante operação da Polícia Federal.
O advogado do ex-ministro insistiu em questionar se os documentos eram exatamente iguais e se Freire Gomes tinha certeza do que falava, já que sustentava o argumento de que o documento apreendido já estava há tempos circulando pela internet.
Diante da repetição, o ministro Alexandre de Moraes interveio: “O senhor já perguntou quatro vezes a mesma coisa e a resposta do depoente foi clara.”
Em seguida, disse: “Não vou permitir que Vossa Senhoria faça circo no meu tribunal. Se continuar tentando induzir a testemunha, terei que cortar sua palavra.”
Na última semana, os depoimentos foram marcados por versões contraditórias de testemunhas e por broncas frequentes do ministro Moraes a depoentes e advogados.
Nesta segunda-feira (25), quando foram ouvidas testemunhas do general Augusto Heleno, o clima na sessão foi de cordialidade, sem interrupções ou broncas.
Antes de começar a audiência, porém, Moraes advertiu os presentes: “As testemunhas não devem dar suas interpretações pessoais, suas opiniões pessoais. Então, para evitarmos a necessidade de interrupções, solicito tanto à Procuradoria-Geral quanto a todas as defesas que permaneçam na análise dos fatos”.