Saúde e tecnologia: fundadora de startup mostra como empreender com impacto

Médica e empreendedora, Ana Elisa Siqueira iniciou sua jornada com um negócio voltado à gestão em saúde, oferecendo serviços qualificados a grandes redes hospitalares.

O negócio foi vendido a uma grande operadora de saúde em 2018, e Ana permaneceu no conselho da companhia até 2020. No entanto, o ambiente corporativo, mais lento e rígido, revelou algo essencial: sua vocação estava em criar, não apenas administrar.

Foi então que decidiu começar de novo. Mas dessa vez, o impacto do negócio teria que ser social.

Junto a Adam Alves, especialista em tecnologia, ela fundou a Saúde Trevo — uma iniciativa voltada à população que está fora do sistema de planos de saúde.


Ana Elisa Siqueira e Adam Alves, fundadores da Saúde Trevo
Ana Elisa Siqueira e Adam Alves, fundadores da Saúde Trevo • Divulgação

Estima-se que mais de 70% dos brasileiros não possuem cobertura privada. E entre exames caros e longas filas no SUS, a ausência de alternativas pode custar o diagnóstico — e, em alguns casos, a vida.

A proposta da Trevo foi simples na essência: conectar laboratórios pequenos, que muitas vezes operam à margem das grandes redes, a pessoas que precisam de exames acessíveis.

Esses laboratórios, com menos visibilidade, são digitalizados e integrados a uma plataforma que facilita o agendamento e reduz custos. Para quem não tem plano de saúde, isso pode significar um exame nove vezes mais barato — e mais rápido.

“A ideia não é apenas baratear. É encurtar caminhos. Um paciente que precisa dar continuidade ao tratamento não pode esperar semanas por um resultado”, afirma a empreendedora. A Trevo surge para encurtar essa distância entre o pedido médico e a ação.

O modelo também fortalece pequenos negócios. Em um mercado dominado por grandes grupos, laboratórios menores têm pouco poder de negociação e raramente investem em visibilidade digital. Com a Trevo, passam a integrar uma rede mais ampla, ganham escala e permanecem independentes.

Na prática, a Trevo funciona como um marketplace da saúde, oferecendo exames a preços acessíveis a uma camada da população que não tem acesso a planos de saúde, o que inclui trabalhadores autônomos e informais, por exemplo.

“Somos para esses laboratórios como o iFood é para os restaurantes”, compara. “É um ciclo de ganhos mútuos: o paciente encontra acesso, o laboratório cresce, o sistema se torna mais eficiente”.

Enxuto e eficiente

Ana Elisa reconhece que não está entregando luxo. Sem cafés, lounges ou estacionamento, o foco está no essencial. E essa escolha tem sido estratégica.

Em pouco mais de dois anos, a iniciativa alcançou 200 laboratórios no estado de São Paulo e viabilizou cerca de 4 mil exames por mês — números que refletem não apenas um modelo de negócios viável, mas necessário.

A próxima etapa passa pela tecnologia. Com o uso de dados e inteligência artificial (IA), a startup quer antecipar necessidades, facilitar a jornada do paciente e ampliar ainda mais o alcance da solução.

Também está no horizonte a criação de uma interface personalizável, permitindo que laboratórios usem a tecnologia da plataforma para criar seus próprios canais digitais.

O que empreendedores podem aprender com essa história

Para quem empreende, essa história revela mais do que inovação: mostra o poder de alinhar experiência, propósito e impacto. Ana Elisa recomeçou com clareza sobre o que queria transformar.

E esse é talvez o maior insight para quem sonha em empreender: grandes negócios nascem da escuta atenta a dores reais — e do compromisso em fazer algo a respeito.

  • Propósito como guia: Negócios sustentáveis e relevantes nascem quando o impacto vai além do lucro;
  • Recomeçar com consciência: Usar experiências anteriores para criar algo mais alinhado com valores e vocação;
  • Resolver dores reais: Escutar as necessidades negligenciadas de grandes grupos da população pode revelar oportunidades de negócio sólidas;
  • Foco no essencial: Entregar apenas o necessário pode ser mais eficaz do que oferecer conveniências superficiais;
  • Tecnologia como ferramenta, não fim: Digitalizar processos é um meio de ampliar impacto e eficiência, não apenas inovação por si só;
  • Fortalecer o ecossistema: Ajudar pequenos negócios pode gerar resultados coletivos maiores do que centralizar poder;
  • Crescimento com simplicidade: Modelos enxutos, bem executados, têm alto potencial de escala — especialmente em mercados com grande demanda e baixa oferta.

Texto de Maria Clara Dias

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