Você está bêbado ao volante, bate no carro de outra pessoa, escapa do flagrante, se esconde num lugar qualquer e, mesmo com a polícia à sua porta, você não sofrerá sanções criminais. É o que deve ocorrer com o diretor da Secretaria de Governo do Acre, Raimundo Pinheiro, após ele se envolver numa confusão de trânsito justamente com o secretário de Segurança Pública, Américo Gaia, neste sábado.
Ao se negar a fazer o bafômetro, Raimundo evitou produzir provas contra si.
Ao fugir do flagrante, cai por terra qualquer possibilidade de ele ser processado criminalmente. E, assim, seus pontos na carteira de habilitação permaneceriam intactos.
As supostas ofensas entre ambos ficaram entre eles, sem testemunhas. É a palavra de um contra a do outro.
Se ele tivesse permanecido no local do acidente, deveria ser encaminhado à Delegacia de Flagrantes, onde, em tese, seria liberado mediante pagamento de fiança (nesse caso estimada em R4 5 mil). E ainda responderia por infração gravíssima prevista no Código de Trânsito Brasileiro.
A esperteza dele, algo comum no cotidiano, sugere reafirmar que o crime compensa?
O secretário fez o bafômetro para se resguardar, afinal estava com mulher e filho menor no carro.
Porém, restou a ele prestar queixa na delegacia, revelando a sua versão dos fatos, e buscar reparações no Juizado Cível, onde Raimundo pode ser condenado, tão somente, a arcar com os danos causados ao veículo do secretário.
A polícia também não poderia entrar na casa onde Raimundo se escondeu, por falta de um mandado judicial (nesse caso fundamentado).
Ao pedir socorro político ao governador, segundo apurou a reportagem, Raimundo também se valeu da famosa “carteirada”, a fim de se safar da execração de que é alvo nas redes sociais.
Gladson Cameli não teria atendido a ligação.
Outro telefonema teria sido feito ao secretário Alysson Bestene (Governo), mas não há indícios de que ele tenha interferido para livrar o seu subordinado.
Haverá exoneração?
Abertura de inquérito administrativo?