O presidente da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Jorge Viana, afirmou que o governo brasileiro pode solicitar aos Estados Unidos um prazo de 90 dias para discutir a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A declaração foi dada nesta sexta-feira (11) em entrevista à CNN Brasil.
“Na parte comercial, a gente pode entrar, por exemplo, pedindo 90 dias de prazo para poder discutir e mostrar para eles que a base argumentativa da carta é falsa”, disse Viana, classificando a medida como grave e sem base em interesses reais do comércio bilateral. “Veio por encomenda, para atender um endereço político ideológico”, completou.
Segundo Viana, a decisão de Trump mobilizou diversos setores da economia brasileira. “Está todo mundo muito próximo do próprio governo. Isso é um ganho.”
Ele também relatou que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo após o anúncio, destacando o impacto econômico da decisão. “Surpreende não pelo viés político, mas pelo prejuízo aos negócios.”
Trump justificou a tarifa ao afirmar que Bolsonaro sofre “perseguição” no Brasil e classificou o processo no Supremo Tribunal Federal (STF) como “vergonha nacional”. A medida foi criticada por analistas e autoridades brasileiras.
A tarifa de 50% supera as taxas aplicadas a outros países e não tem respaldo econômico, segundo a analista da CNN Thais Herédia, já que os EUA têm superávit com o Brasil. Em reação, Lula afirmou que recorrerá à OMC (Organização Mundial do Comércio) e, se necessário, aplicará medidas de reciprocidade.
Para Viana, o presidente brasileiro deve manter a postura firme: “Na parte comercial, o Brasil deve ser pragmático. Já na parte política e de soberania, precisa ter uma resposta dura e firme — e acho que o presidente Lula está dando”.
*Sob supervisão de Fernanda Tavares