O tarifaço a produtos brasileiros anunciado pelo governo dos Estados Unidos motivou a apresentação na Câmara dos Deputados de pedidos sobre o caso. Congressistas governistas defendem que a Casa repudie o posicionamento dos norte-americanos, enquanto a oposição mira convocar ministros para ouvir esclarecimentos da atuação do Executivo.
O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), e o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) apresentaram requerimentos de moção de repúdio ao governo dos EUA.
Os pedidos foram também motivados pela aprovação nesta semana de uma moção de louvor na Comissão de Relações Exteriores ao presidente Donald Trump – pedido que foi patrocinado pela oposição e votado antes do anúncio das novas tarifas.
“A posição oficial que se tem da Casa até o momento, qual é? A moção de louvor a Trump. Vai ter que ser votado alguma coisa no plenário. Eu não tenho dúvidas disso. A gente vai forçar. E isso é diferente da posição oficial do presidente da Câmara e do presidente do Senado”, disse Lindbergh em entrevista coletiva na Câmara.
Líderes ouvidos pela CNN, no entanto, avaliam que um requerimento de repúdio não deve ser pautado no plenário pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem adotado tom morno sobre o caso do tarifaço.
Na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços, três deputados do PT, Ivoneide Caetano (BA), Jack Rocha (ES) e Alexandre Lindenmeyer (RS), também apresentaram pedidos de moção de repúdio contra Trump.
Em outra frente, a oposição busca reverter a narrativa de que apoiou um voto de louvor relacionada ao tarifaço.
“O voto de louvor foi pela primeira manifestação do presidente Donald Trump de solidariedade a Bolsonaro. É só ver o voto de louvor. Nós não louvamos, como eles estão querendo imputar, por taxações”, afirmou o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ).
Deputados da oposição buscam ainda culpar o governo pelo aumento de tarifas anunciado pelos EUA. A posição do grupo é de que o Executivo falhou na articulação e promove uma “diplomacia ideológica”.
Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado Evair de Melo (PP-ES) apresentou três pedidos de convocação de ministros para falar sobre o tarifaço: um mira Fernando Haddad, da Fazenda, e outros dois o chanceler Mauro Vieira.
Os requerimentos ainda precisam ter o aval do plenário – um deles, o segundo que mira Vieira, foi apresentado na Comissão de Relações Exteriores.
A intenção de Evair é ouvir de Haddad os impactos econômicos da sobretaxação. Do chanceler, o deputado quer esclarecimentos sobre “a omissão e a irresponsabilidade diplomática do governo Lula que culminaram na imposição de tarifas”.
Debate no plenário
Outro pedido apresentado por Lindbergh Farias é sobre a realização de uma comissão geral para falar sobre o tarifaço, ou seja, um debate amplo no plenário,
“Nós conseguimos as assinaturas, estamos entregando ao presidente [Hugo Motta] para que ele paute. Nós conseguimos a assinatura do MDB, do Solidariedade, do Podemos, do PSB, do PDT, do PT e do PCdoB, para que a Casa faça uma comissão geral, chamando o Itamaraty e setores empresariais para discutir o tema e as consequências”, disse.
Lindbergh aposta no diálogo com Motta para marcar o debate já na próxima semana. O tempo, no entanto, é curto, já que o Congresso terá recesso parlamentar a partir de sexta-feira (18) até 31 de julho.
Nós próximos dias, com calendário apertado, os deputados farão esforço concentrado para votar propostas prioritárias para o governo e para as bancadas. Além disso, a Casa já tem outras duas sessões com comissões gerais previstas para a manhã de quarta-feira (16).