Indústria rejeita retaliações aos EUA e pede ao governo “entendimento”

Representantes da indústria afirmaram, nesta terça-feira (15/7), que o Brasil “não será reativo intempestivamente” e que pediram ao governo brasileiro que busque entendimento nas negociações com os Estados Unidos no âmbito do “tarifaço”.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, disse que o setor está “unido e convergente” na busca por uma solução no caso das tarifas unilaterais norte-americanas. “O que temos aqui é um perde-perde”, declarou após reunião em Brasília (DF) para tratar do tema.

“Nós estamos uníssimos e convergentes na busca da solução, porque o que temos aqui é um verdadeiro perde-perde. Não faz sentido de forma nenhuma, nem econômica, nem social, nem geopolítica, nem política um perde-perde”,

O presidente da CNI também criticou a sanção comercial dos norte-americanos contra os brasileiros. Para ele, a imposição de tarifas unilaterais “não faz nenhum sentido que o Brasil saia do piso para o teto sem nenhuma motivação econômica”.

“Isso é algo fatídico, não é especulação, não é conjectura”, frisou Alban.

Ele prosseguiu: “Precisamos encontrar uma interlocução oficial para que isso aconteça e, certamente, no caso do Brasil tanto MDIC quanto das Relações Exteriores estão habilitados [para negociar com o governo norte-americano]”.

A demonstração de apoio foi dada após reunião do governo federal com representantes do setor da indústria, um dos maiores afetados pelas tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Governo e indústria rejeitam retaliações contra os EUA

Segundo Alban, ficou claro na reunião que o Brasil “não pretende ser reativo intempestivamente” na questão do tarifaço. Ele reforçou que o país não aplicará medidas de retaliações para que sejam interpretadas como uma “disputa”.

“O que nós entendemos dessa reunião é que o Brasil não se precipitará, de forma nenhuma, em medidas de retaliações para que não sejam interpretadas como uma simplesmente uma disputa. Nós queremos o entendimento e felizmente temos visto isso com a postura do governo. Os setores produtivos também estão imbuídos disso”, completou.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, reiterou que os empresários têm “absoluta confiança” que as boas relações diplomáticas e comerciais com os EUA não serão “rompidas dessa maneira”.

“Pelo contrário, vamos chegar a um entendimento”, afirmou. “Obviamente vamos dar todo o suporte, todo o apoio, para que o Brasil chegue a um entendimento, em benefício das populações brasileiras e americanas”, acrescentou.

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Silva ressaltou que “não é só o Brasil que perde, os Estados Unidos também perdem muito”. O presidente da Fiesp considerou que será “fácil”, com dados reais, apresentar os impactos do tarifaço aos interlocutores norte-americanos.

“Não temos dúvida que, com a competência e experiência do MDIC [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] e do MRE [Ministério das Relações Exteriores] vamos chegar a um bom termo”, finalizou.

Reunião com o setor

Participaram da reunião, do lado do governo federal:

  • Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento;
  • Marcio Rosa, secretário-executivo;
  • Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior;
  • Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços;
  • Rodrigo Zerbone, secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior;
  • Rui Costa, ministro da Casa Civil;
  • Bruno Moretti, secretário Especial de Análise Governamental da Casa Civil;
  • Jairo Gonçalves, assessor-chefe da Casa Civil;
  • Maria Laura da Rocha, embaixadora, ministra substituta do Ministério das Relações Exteriores;
  • Maurício Carvalho Lyrio, embaixador, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do MRE;
  • Fernando Meirelles de Azevedo Pimentel, embaixador, diretor do Departamento de Política Comercial do MRE;
  • Fernando Haddad, ministro da Fazenda;
  • Guilherme Mello, secretário de Política Econômica;
  • Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos;
  • Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento;
  • Olavo Noleto, secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da SRI;
  • Celso de Tarso, embaixador, chefe da Assessoria Especial Diplomática;
  • Vilma da Conceição Pinto, chefe da Assessoria de Assuntos Econômicos e Sociais;
  • Daniel Brito, primeiro secretário da Assessoria Especial Diplomática.

Do lado dos setores, estavam presentes:

  1. Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer;
  2. Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI);
  3. Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp);
  4. José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq);
  5. Haroldo Ferreira, presidente-Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados);
  6. Janaína Donas, presidente-Executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL);
  7. Fernando Pimentel, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT);
  8. Paulo Roberto Pupo, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci);
  9. Paulo Hartung, presidente Executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ);
  10. Armando José Giacomet, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci);
  11. Rafael Lucchesi, CEO da Tupy;
  12. Giovanni Francischetto, superintendente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas);
  13. Edison da Matta, diretor Jurídico e de Comércio Exterior do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças);
  14. Cristina Yuan, diretora de Relações Institucionais do Instituto Aço Brasil;
  15. Daniel Godinho, diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG;
  16. Fausto Varela, presidente SINDIFER;
  17. Bruno Santos, diretor executivo ABRAFE;
  18. Alexandre Almeida, diretor da RIMA.

Brasil é principal alvo do tarifaço

Desde o início da semana passada, os EUA têm notificado oficialmente os países sobre a implementação de tarifas unilaterais na importação de produtos e bens. Até o momento, 24 parceiros comerciais foram taxados.

O Brasil foi o maior prejudicado pela sanção comercial de Trump, com uma tarifa de 50%. Em resposta, o governo brasileiro defendeu a soberania nacional e se mostrou aberto para negociar com os norte-americanos.

Lei de Reciprocidade Econômica

  • O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica.
  • O texto estabelece critérios para suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual, em resposta a medidas unilaterais adotadas por países ou blocos econômicos que impactem o Brasil.
  • O decreto também formaliza a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, responsável por deliberar sobre a aplicação de contramedidas provisórias e acompanhar as negociações sobre as medidas unilaterais impostas contra o país.
  • Integram o comitê os ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que o presidirá, da Casa Civil da Presidência, da Fazenda e das Relações Exteriores.

Com o tarifaço, diversos setores produtivos podem ser afetados, com destaque para agricultura e indústria de produção. De acordo com dados oficiais, cerca de 12% das exportações brasileiras têm como destino o mercado norte-americano.

Entre os principais produtos exportados para os EUA estão: óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja, carne bovina, aeronaves e máquinas para o setor de energia.

Caso os países não cheguem a um acordo até 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descartou a possibilidade de aplicar o princípio da reciprocidade, previsto na Lei de Reciprocidade Econômica.

Confira a lista dos afetados pelo tarifaço:

  1. Brasil: 50%
  2. Laos: 40%
  3. Myanmar: 40%
  4. Camboja: 36%
  5. Tailândia: 36%
  6. Bangladesh: 35%
  7. Sérvia: 35%
  8. Indonésia: 32%
  9. África do Sul: 30%
  10. Argélia: 30%
  11. Bósnia e Herzegovina: 30%
  12. Iraque: 30%
  13. Líbia: 30%
  14. México: 30%
  15. União Europeia: 30%
  16. Sri Lanka: 30%
  17. Brunei: 25%
  18. Cazaquistão: 25%
  19. Coreia do Sul: 25%
  20. Japão: 25%
  21. Malásia: 25%
  22. Moldávia: 25%
  23. Tunísia: 25%
  24. Filipinas: 20%

*Todas as tarifas entram em vigor a partir de 1º de agosto.



Fonte: Metrópoles

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