Em meio a um cenário onde beleza, performance e juventude costumam ser os principais holofotes, a personal trainer e influenciadora Carol Borba abriu o coração e analisou a pressão estética e culto ao ideal jovem nesse universo, em entrevista ao portal LeoDias.
Para a treinadora, que tem quase 40 anos e uma carreira consolidada, o impacto da estética vai além da vaidade, afeta diretamente a saúde mental de milhares de mulheres e está ligado também a outro desafio pouco discutido no universo da saúde e bem-estar: o etarismo.
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Existe uma cobrança muito forte sobre o corpo, mesmo com os avanços na desconstrução dos padrões. A estética ainda pesa muito no psicológico. Conheço mulheres que abriram mão de sonhos pessoais, como ser mãe, por acreditarem que precisavam manter um corpo considerado ideal a qualquer custo
O excesso de comparações, o uso prolongado de hormônios, muitas vezes para competir ou sustentar um padrão físico, e a obsessão por resultados imediatos são reflexos dessa pressão. “É um movimento de tentativa constante de se encaixar, de repetir o que funcionou para outra pessoa. Mas cada corpo tem sua própria história, e nem sempre o custo vale a pena”, completa.
Carol ainda destaca como o envelhecimento impacta a maneira como as profissionais da área são vistas. “Homens ganham autoridade com o tempo em qualquer área. Mulheres, muitas vezes, perdem espaço. Participei de uma seleção para uma campanha em que tudo combinava comigo: meu estilo, minha audiência, minha trajetória. No final, escolheram uma pessoa mais jovem, que não tinha nenhuma conexão real com o produto. Faltava alguma coisa no meu perfil? Não, mas sobrava idade”, lamenta.
Um novo começo
Aos poucos, a influenciadora tem se reposicionado, apostando em uma imagem mais alinhada à sua maturidade e investindo na criação de conteúdo que valorize sua experiência. Ela conta que precisou ressignificar sua atuação no mercado.
“Entendi que precisava mostrar meu conteúdo, meu outro lado. Hoje, não posso viver só de legging e o shape definido. Precisei mostrar que posso conversar, ensinar, representar um público enorme de mulheres que, assim como eu, estão envelhecendo, mas continuam ativas e com vontade de se cuidar”, explica.
Essa mudança representou um novo começo para Carol. Mesmo com os desafios, ela acredita que há espaço para todas. “As pessoas estão vivendo mais e melhor. Eu mesma me inspiro em mulheres que vieram antes de mim e que continuam mostrando força, saúde e beleza. Esse é o caminho que escolhi seguir”, reforça.
Longevidade e autoestima devem caminhar juntas, segundo a treinadora. “O corpo muda, mas continua sendo capaz. A mente evolui, a bagagem aumenta. O segredo é alinhar cuidado com saúde, escuta do corpo e propósito. É possível continuar ativa, forte e relevante, sem abrir mão de quem você é. Precisamos parar de ver o envelhecimento e a saúde mental como inimigos, e passar a enxergar ambos como uma nova fase de potência”, finaliza.
Fonte: Portal LEODIAS